Saudade!

Este espaço será preenchido com poemas sobre a Saudade!
Saudade de caminhos percorridos...Saudade de experiências vividas....Saudade da terra do meu Viver!
Saudade....palavra tão simples que tudo indica
!

quinta-feira, janeiro 31, 2008

Quando lá voltar...


Quando lá voltar...



Se Deus me der a alegria

De Luanda regressar

Não sei se terei coragem

De a este país voltar!


Eu sei que do outro lado

Há muita coisa errada

Mas deste lado também

É " país da macacada"


Se em Angola se critica

A corrupção e o poder

Aqui, se bem pensarmos,

O que está a acontecer?


Andam alguns figurões

A comer sem consciência

O pão que a muitos falta

P'ra manterem a decência


Ao menos, do outro lado

Fica aquela certeza

De ser um país enorme

Cheio de graça e beleza!


País que, p'lo menos a mim

Me ensinou a dar as mãos

E onde também aprendi

Que somos todos irmãos!


Letinha
29/10/2005

domingo, janeiro 27, 2008

Lembro...




Lembro…


Lembro das acácias singelas

Que iluminavam como estrelas

As ruas da nossa Luanda

Lembro da areia dourada

De onde pela alvorada

Se levantava a Kianda


Lembro dos becos e vielas

Que essas mesmas estrelas

Davam luz, sombra e mistério

E lembro das melodias

Dos kambas, que em cantorias

Criticavam o Império..


Lembro do batuque ritmado

Por coro de vozes rodeado

Que punham a alma a dançar

Mais me lembro dessa terra

Lembro do som de uma guerra

Que nos pôs a soluçar....

Luanda....Eu vou voltar!

Letinha

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Barro Vermelho!



Barro Vermelho!


Aquela terra vermelha

É cor de Vida, Paixão

É cor que nos enleva

E nos prende o coração...

Aquela terra vermelha

É cor de Vida e Paixão...


Aquela terra vermelha

Barro vermelho, ao chover

Agarra a nossa Alma

Para nunca mais a esquecer

Aquela terra vermelha

É barro vermelho, ao chover...


Aquela terra vermelha

Cor do ocaso solar

É obra do Criador

E numa saudade de amor

Nos põe sempre a suspirar...

Aquela terra vermelha

Cor do ocaso solar...


E a cor daquela terra

Que é firme, de tão forte

Apesar de toda a guerra

Dá o calor que repele

O frio triste da morte...

A cor daquela terra

Que é firme, de tão forte...


Letinha
Maio 2006

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Sábado


Sábado


Mais um fim de semana
Está prestes a começar
São 2 dias de descanso
P'ra quem pode descansar
Mas recordo com saudade
Os sábados de antigamente
Onde o modo de os passar
Era muito diferente

Esperava ansiosa
Pelos dias de descanso
Quando não havia aulas
E ficava no remanso
O tempo sem relógio
Era tempo de curtir
Praias, cinema, passeio
Com os Amigos divertir...

Primeiro era o Mercado
Onde de tudo havia
Era para despachar..
Queria aproveitar o dia!
Por volta das dez e meia...
Já estávamos de saída
Com tudo o necessário
P'ra uma praia bem curtida!

Desde a toalha ao bikini
Desde o farnel à "geleira"
Cana de pesca, engodo
E tudo na brincadeira...
Eram sábados de festa
Pescaria e diversão...
A família estava unida
Que saudades dessa união!

Depois, à tarde, regresso
Mas com programa já feito!
Pois passar a noite em casa
Não tinha graça nem jeito
Meus Amigos, nessa altura
Foi meu tempo de crescer
Convivia com a família...
Que me ensinou a viver!!!

Letinha

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Partir

Partir




Partir p'ra não regressar
Era essa a minha Vontade
Matando de uma vez
Uma profunda Saudade!
Saudade que nos mantém
Como "povo" bem unido
Se o Mundo fosse melhor
Eu já teria partido...
Mas não perco a Esperança
De um dia regressar
Embalada pela música
Que paira, alegre, no ar!
Letinha

terça-feira, janeiro 15, 2008

Que Saudade




Ai que Saudade!



Ai que saudade
Do meu tempo de criança
Onde havia a Esperança
De um Futuro feliz
Hoje o Mundo
Está cheio de maldade
E a actual mocidade
Anda à toa e infeliz

E sem sustento
Há na alma o desalento
De quem perdeu a verdade
Que faz bem ao coração
E os Valores
Que nos fazem ser melhores
Estão perdidos nas dores
Do viver em solidão!



Letinha
2006

É Manhã

É Manhã!


É manhã!
Manhã diferente
Neste Continente!

Recordo, saudosa
Outros Carnavais
Quando a energia
Dava p’ra muito mais!

Era jovem! Com graça
Era ágil!...Liberta!
Era alegre!... Feliz
A Vida era certa!

E tinha a certeza
Que nada mudava
Era tudo tão certo…
Por lá eu ficava!
E um dia… que dia!
O sonho acabou!
Tudo o que sentia
Da Vida… mudou!

A fuga, a Saudade
Da terra querida
A Mágoa se instalou
E não vai de partida…

E resta somente
Acordar todo o dia
Em manhã diferente
Daquela que queria…

Manhã diferente
Neste Continente!


Letinha
28/02/2006

domingo, janeiro 13, 2008

Saudades

A Saudade

A Saudade é sentimento
Que nos dá identidade
Não esquecendo o Passado
Por mais que passe a idade!
E acho bem curioso
Quando a Saudade me invade
Mesmo as recordações mais tristes...
Enchem o coração de Saudade!

Quando "asneiras" eu fazia
E tentava esconder...
Se minha mãe descobria...
Tinha mão p'ra me bater...
Que Saudade das palmadas...
Daquela mulher querida...
Não sei o que hoje daria
Para a ter na minha Vida!

Quando na rua brincava...
Com vizinhos e Amigos....
Se nos portávamos mal
Havia logo castigos...
E sem refilar, se cumpriam
Pois não se estava a brincar!
Que Saudades dos castigos
Que meu Pai sabia dar!

E não pensem que era fácil!
Quando meu Pai castigava
Passava tardes inteiras...
A tabuada eu "cantava"!
E "cantava" os nossos rios...
As serras, a fauna e flora...
Eram castigos a sério...
Não como são agora!

Hoje os castigos são fáceis!
"Não vês televisão"!!!
Ora isso no meu tempo
Não era castigo, não!!!
Que Saudades desse tempo!
Com pai e mãe tão presentes
Hoje moram no meu peito!
Pois, no físico, estão ausentes!!

Letinha

26/03/2006

sábado, janeiro 12, 2008

Encanto

Encanto!

O meu encanto perdido
Nas anharas da minh'alma
Não está nunca esquecido
Procuro-o com toda a calma!
Pois enquanto busco o sentido
Tenho sossego na alma...

E o calor do Verão
Que nosso corpo conforta
Lembra-me outra Estação
Em terras da minha paixão
Que está longe, mas não morta!

Sonho!
E quando sonho
Acordada ou a dormir
Circula o meu coração
P'las ruas do meu sentir
Luanda...minha paixão!
Angola...o meu existir!

E é esta divisão
Que eu tento esquecer
Em Luanda...o coração
Que percorro em oração
Em Portugal... o Viver!

Letinha
Maio 2006

Amor...Angola!

Amor...Angola

Uma menina criada
Nas lindas terras d'Angola
Hoje vive desterrada
Só a saudade a consola...

E é recordando o Passado
Que se atreve a sorrir
Pois durante 30 anos
Limitou-se a existir...
Tudo o que ela amava
Do outro lado deixou
Fugindo da guerra dura
E da terra que a criou!

Hoje vive com vontade
De ao Passado regressar
Pois havia muita coisa
Que iria modificar
Mas o Passado não volta
Não é burra e sabe bem
Que o caminho é em frente
Com as memórias que tem!

Letinha

sexta-feira, janeiro 11, 2008

O Sol da minha Terra

O sol da minha Terra


O sol da minha terra

Tem especial fulgor

Uma luz que nos encerra

Num clima cheio de Amor

Um Abraço que enternece

Quem suporta o seu calor



O sol da minha terra

Brilha com muita alegria

Nasce terno, põe-se terno

É quente durante o dia...

O sol da minha terra

É quem me serve de guia!



O sol da minha terra

Tem beleza deslumbrante

Tem poema no ocaso

Tem alegria cantante

O sol da minha terra

Dá-me a força de um gigante!



O sol da minha terra

Que recordo com Saudade

Tem ternura de amante

Tem prazer de Liberdade

O sol da minha terra

Guarda a minha Mocidade!



Agora estou noutra terra

Outro sol vejo nascer

Outra magia ele encerra

Mas não me faz esquecer...

Porque....

O sol da minha terra

É o sol do meu Viver!



Letinha

Julho 2006

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Vizinhos...


Vizinhos


Num Bairro de ruas simples
Sem riqueza nem esplendor
Em vivendas bem bonitas
Vivia a Amizade e o Amor.
Aí crescia a Saudade
Sem quase darmos por ela
Pois a nossa Mocidade
Não deixava ainda vê-la!

Em grupos, com Amizade
Crescia uma geração
De crianças e petizes
Que sabiam dar a mão
Entre livros e brinquedos
Entre folguedos e estudo
Havia aquela "certeza"
Que nada mudava o Mundo!

Mas a Vida, malfadada
Até nós levou a dor
De perder aquele Bairro
Construído com suor...
E só por necessidade
E risco das nossas vidas
Deixámos as nossas ruas
Vimos as casas perdidas!

30 anos! Uma Vida!
Em desencontros passada
Perdeu-se gente querida
Apenas restou o NADA!
E deste tempo dolente
Do adormecer da alma
É a Saudade o remédio
Que estimula e acalma!

Até um dia....

6 de Maio! Que data!
Um dia para marcar!
Encontrou-se a alegria
E a recordação do lar
Vizinhos de muitos anos
Que se pensavam perdidos
Todos juntos almoçaram!
Não estavam esquecidos!

E o Bairro reviveu...
Nossas mentes recordaram
O que nunca se esqueceu....

Num Bairro de ruas simples....


Letinha

Maio 2006

A minha rua

A minha rua

Que saudades da minha rua
Onde grupos de crianças
Corriam, pulavam, jogavam
Alma plena de esp'ranças

Não era rua central
Nem de bairro luxuoso
Era uma rua normal
Era um ambiente gostoso

O Bairro onde ficava
A rua do meu crescer
Era bairro onde morava
Quem trabalhava p'ra viver
Todos se conheciam
E se davam muito bem
Havia respeito, carinho
Não se afastava ninguém

E os maximbombos, bem cedo
Começavam a levar
Os adultos p'ró trabalho
As crianças p'ra estudar...
À tarde era o regresso
Para a casa, santo lar
Depois da janta, conversa...
E crianças a brincar....

Aí pelas dez da noite
O sossego aparecia
Pois precisa descansar
Quem trabalha todo o dia
Que saudades do meu Bairro
Da rua do meu crescer
Onde aprendi a brincar
A viver e conviver!

Letinha
30/10/2005

A minha cidade!


A minha cidade

Há duas cidades no mundo
Que marcaram minha vida
Lisboa, onde nasci
Luanda, a minha querida
Em Lisboa abri os olhos
Numa tarde de Verão
Luanda me criou
E trago no coração

Para Angola fui um dia
Levada pelos meus pais
Lá cresci, em harmonia
Sair de lá, nunca mais!
Pensava eu, na altura
Adolescente, Criança
Não crendo que a vida dura
Me tirasse a Esperança

Ainda me lembro bem
Do tempo em que cresci
Naquela Luanda linda
E a vida que eu vivi
Não esqueço nunca mais
Do tempo das brincadeiras
Do conselho de meus pais
P'ra não subir às mangueiras

Mas as mangas, tão cheirosas
Nossos olfactos tentavam
E como crianças teimosas
Os joelhos esfolavam
As corridas que eu fazia
Não tinha medo de nada
Apesar de muitas vezes
Aparecer arranhada

Ainda me lembro bem
Do tempo de brincadeiras
Onde grupos de crianças
Crescia, fazendo asneiras
Trepar às árvores e muros
Correr, jogar e brincar
Conviver com os amigos
E na Escola, estudar

Andar descalça na rua
Sem medo de me ferir
E quando chovia muito
Da minha casa, sair

Lá fiz a Escola Primária
Num Colégio, em Miramar
Fui depois para o Liceu
Continuar a estudar
O meu Liceu.... que saudade!
Do tempo em que, sem cuidado
Rodeávamos, curiosas
Quem já tinha namorado

E apesar de fechadas
Neste Liceu sem igual
Olhávamos, sorrateiras
Para a Escola Industrial
Rapazes da nossa idade
Era o que ali não faltava
Olhando através da grade
Com os olhos se namorava

Os anos não param, avançam
E já estava na idade
De pensar no que seria
Depois da Escolaridade
À Escola de Enfermagem
Acabei por ir parar
E no Hospital Central
Fui também estagiar

Mas a vida dá muita volta
E muitas vezes sem querer
Aquilo que nós queremos
É o que não se vai fazer
E o destino não quis
Que de adultos fosse tratar
E fui para o Magistério
P'ra crianças ensinar

Luanda, cidade linda
Onde passei os meus anos
Onde conheci amores
Onde tive desenganos
Contigo eu cresci
Em amor e liberdade
Me fiz mulher, aprendi
O que quer dizer Saudade

Sinto no meu coração
O cheiro daquela terra
Cheiro de África, de paixão
Mas também cheiro de guerra
Essa maldita, afinal
Destroçou meu coração
E foi ela, por meu mal
Que me fez fugir, então

Hoje, longe, eu te choro
Por não te poder abraçar
E entre soluços, eu digo:
"Luanda, eu vou voltar!"

Celeste Torres
4/05/2005

O meu Clube

O "meu" Clube

Na cidade de Luanda
Logo à frente da Estação
Havia um grande solar
Com alma e coração
Era o local onde gente
Bem disposta e divertida
Sabia passar o tempo
Sabia viver a Vida

Juntavam-se todos os dias
Com jogos a disputar
E mesmo em dias de treino
Poucos queriam faltar
Havia campo de jogos
Cinema para assistir
Festas para dançar
Tudo para divertir

Basquet, hóquei, andebol
Equipas com muita raça
Todos jogavam com garra
Amor, Orgulho e Graça
Grandes jogos, grandes vitórias
Grandes desgostos, também
Quem ama mesmo um Clube
Vive isso como ninguém

Todos esses atletas
A camisola suavam
Por Amor àquele Clube
Quando, com outro, jogavam
Do futebol ao basquet
Todos os que iam à bola
Se lembram desse Clube
Ferroviário de Angola

Aquele grupo de Amigos
Trabalhadores, operários
Tinham orgulho de dizer
Que eram FERROVIÁRIOS

Letinha
6/05/2005

Regresso!

Regresso!

Há coisas que não entendo
Apesar de ter idade...
Porque se sente no peito
Esta terrível saudade....
Que magoa e faz doer
Nossa alma, sem sentido
Quero voltar a Angola
Àquele canto querido!

Quando chegar que farei?
Nem sei por onde começar
As saudades já são tantas....
Que nem sei que visitar...
Irei primeiro à Mutamba
Ou será que vou ficar
Tuturruando p'la Ilha...
Escutando aquele mar?

Na Marginal quero passar
Largas horas recordando
As vezes que a percorri
E que ali passei pescando...
Passarei pelo meu Clube
E se me deixarem ficar
Vou sentar-me num degrau
Sentindo ali o "meu lar"....

Depois irei à fortaleza
Espraiando o meu olhar
Por toda aquela cidade
Que eu quero tanto abraçar......

Letinha